domingo, 29 de setembro de 2013

Por uma Consciência Ecológica

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Romualdo é um brasileiro que mora na Suécia, e trabalha na Volvo, uma fábrica de caminhões. Ele conta que a primeira vez que foi à Estocolmo, para estagiar na fábrica, um dos colegas costumava pegá-lo de carro no hotel toda manhã. Chegavam bem cedo e o colega estacionava o carro longe do portão de entrada.
Depois de vários dias assim, Romualdo não aguentou e perguntou: “Se chegamos mais cedo, por que você não estaciona mais perto da entrada?” E o colega sueco respondeu: “É porque chegamos cedo, assim temos tempo de caminhar; quem chega mais tarde já vai atrasado. Melhor que fique mais perto da porta de entrada. Você não acha?”  -  Romualdo conta que não sabia onde enfiar a cara!
Ecologia é muito mais que flora e fauna. É um exercício constante da capacidade dos seres vivos em melhorar, sempre, a qualidade da vida. A palavra Ecologia vem do grego (oikos, lugar onde se vive ou habitat; e logos, arrumação, sintaxe). É um conceito que a maioria das pessoas já possui de maneira intuitiva, isto é: sabe-se que nenhum organismo pode existir, autonomamente, sem interagir com outros ou mesmo com o ambiente físico em que se encontra.  Os riscos globais, a extinção gradativa de espécies de animais e vegetais – seja decorrente de causas naturais ou de ações de degradação humana – deixam claro que o fenômeno biológico e suas manifestações sobre o planeta Terra estão, perigosamente, alterados.
Mia Couto, escritor moçambicano, em seu livro “O Último Vôo do Flamingo” tenta entender o que aconteceu em seu país cuja história coletiva foi consumida pela ganância dos poderosos e pela ignorância cívica de seus habitantes. Ele relata a história dos flamingos que desapareceram, para sempre, de Moçambique; justamente esses pássaros reconhecidos como eternos anunciadores da esperança.  Matam-se animais hoje mais do que se matava no tempo de Augusto Botelho, meu avô. E com muito mais pressa. Ainda hoje o boi morre abatido com marretadas ou de sangria na carótida. Em decorrência, a preocupação com a vida desemboca numa “ética de sobrevivência”. Mas, a verdadeira ética se exerce no espaço que se situa entre o “que é” e o “que deveria ser”.
O físico nuclear Edward Teller, considerado o pai da bomba atômica, costumava dizer: “Nunca me interessei em ver fotos dos impactos em Hiroshima e Nagazaki. O meu trabalho foi o de construir a bomba, fazer a ciência progredir”. Ninguém definiu melhor responsabilidade ética do que Alexis de Tocqueville, escritor e político francês que viveu no Século XVIII: “A atitude que um cidadão toma pode ser escrita? Pode ser publicada na primeira página de um jornal? Pode ser deixada para os seus netos? – Se a resposta for sim, a atitude é ética”. “A pessoa que estaciona em fila tripla para esperar o filho em porta de colégio age, ainda que em proporções diferentes, com a mesma arrogância delinquente do marginal que fuzila o caixa de um banco”,  analisa o psiquiatra Jurandir Costa em seu livro “A Ética e o Espelho da Cultura”. Sartre, filósofo francês, questionava: “Est-ce que le monde serait meilleur sans les humaines?” (Seria o mundo melhor sem os seres humanos?).
Precisamos, com a máxima urgência, de campanhas efetivas de conscientização para a cidadania; de consideração ao meio ambiente, dia-e-noite. Em cada anoitecer dorme uma porção de luz. Mas, há, também, quem apague as luzes de dentro. Há, ainda, muitos que chegam mais cedo. Não para ficar na frente dos outros, mas para ceder lugar aos que chegam com atraso.
Fonte 
http://blogdopaulobotelho.com.br/responsabilidade-social/etica-meio-ambiente/

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