sexta-feira, 26 de julho de 2013

A entrevista por competências – Parte 2

No post anterior falei de forma geral sobre o que é, e qual o princípio lógico de uma entrevista por competências. Agora vejamos algumas dicas sobre como se preparar para uma entrevista destas. Antes de mais nada, se sua memória não estiver fresca, vale apena dar uma olhada novamente neste textopara se lembrar exatamente o que é uma competência.
A primeira coisa a levar em conta é que sua naturalidade e espontaneidade são sempre um ponto a seu favor. Mesmo que a entrevista seja sobre fatos do seu passado, não adianta decorar respostas para meia dúzia de prováveis perguntas, por 2 motivos. Um é que você não quer se parecer com um robô (A não ser que a entrevista seja para o elenco do novo Robocop), e o outro é que sempre podem aparecer perguntas diferentes daquelas para as quais você se preparou.
Por isso o melhor mesmo é entender a forma ideal e lógica de estruturar suas respostas para responder a quaisquer perguntas que sejam feitas. Para isto quero te apresentar a técnica do CAR: Contexto – Ação – Resultado.
Tirando aquele bate papo inicial em que te perguntam o que você faz nas horas vagas e você diz que gosta muito de ler livros e praticar algum esporte, as perguntas que forem feitas para avaliar suas competências serão melhor respondidas se observarem a lógica abaixo. Vamos à cada ponto:
Contexto – Você pode chamar de situação também. É quando você inicia o relato, citando qual era a realidade específica, o desafio, ou o problema que você enfrentava naquele momento.
Ação – É exatamente o que você fez, e como fez, para resolver a situação relatada no contexto. Pode ser a resolução de um problema ou o alcance de uma meta. O importante é deixar claro sua iniciativa e inteligência (técnica ou comportamental) para resolver a situação apresentada.
Resultado – É aquilo que você conseguiu com sua inteligente ação aplicada ao contexto. O resultado não precisa ser perfeito ou o melhor do mundo, e você até pode reconhecer que não foi essa coca cola toda, o importante é dizer que você adotou o caminho mais lógico e inteligente para resolver a questão.
Agora vamos ver isto contextualizado. Vou dar um exemplo de uma entrevista pela qual passei e como respondi a uma pergunta específica:
Entrevistador: Bruno me dê um exemplo de um problema complexo que você enfrentou como coordenador de RH em um projeto e o que você fez para solucionar a situação!
Eu:
Contexto: No início do ano de 2009, durante a fase de mobilização de um grande número de pessoas para um projeto no nordeste, percebemos que os gestores das áreas de engenharia não estavam respeitando os procedimentos de RH. Não preenchiam bem as definições de perfil, não respeitavam os prazos para nos avisar das necessidades, e isto estava deixando o RH com uma imagem negativa já que nossas respostas ficavam menos assertivas e mais lentas…
Ação: Diante disso relatei a meu superior o problema e disse que gostaria de fazer uma visita ao projeto para conhecer e conversar com os gestores. Preparei uma apresentação, levantei as principais dificuldades, viajei para o canteiro de obras e passei uma semana lá. Conheci pessoalmente o gestor de cada disciplina, entendi suas dificuldades e problemas, conversei sobre a melhor forma de o RH poder ajuda-los a encontrar e integrar as pessoas ao trabalho no prazo necessário. Resumindo, mostrei a eles que nós entendemos as dificuldades e a pressa, mas que precisamos que eles respeitem nossos processos para que nós possamos atendê-los com mais agilidade e assertividade.
Resultado: Na primeira semana após a visita já percebemos uma boa mudança no comportamento dos gestores. Não foram todos, e a situação não ficou perfeita. Mas eles se sentiram ouvidos, entenderam como funciona o nosso processo e a maioria passou a colaborar, nos avisando com mais antecedência das necessidades, dedicando mais tempo a nos explicar o perfil, e enxergando o RH mais como um parceiro do que como um departamento burocrático que os enche de papéis e processos inúteis.
E então, ficou claro? Note que comecei contando o problema, depois disse o que fiz para buscar resolver e por último relatei os resultados, que não foram perfeitos mas foram positivos. O que você deve fazer é imaginar uma pergunta deste tipo para a sua realidade, tenha você a profissão que tiver. Se procurar na web também vai achar dezenas de “supostas” perguntas feitas em uma entrevista por competências.
É claro que na hora de responder ao entrevistador você não vai dizer: Olha este é o contexto… agora a ação… Por favor não faça isso!
Você deve sim cobrir estes três aspectos, mas em uma resposta contínua e de maneira natural. Não se preocupe em ter a resposta em um discurso estruturado com palavras bonitas. É natural você pensar um pouco, e o entrevistador entende isso, ele sabe que você está se recordando de algum caso real que vá exemplificar o que ele está investigando na pergunta.
Prepare-se bem, seja natural e respeite esta sequência lógica que suas chances de passar na entrevista serão tão grandes quanto sua vontade de conseguir a vaga.
Até a próxima!

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