quinta-feira, 31 de maio de 2012

Carreira Proteana – A tendência futura


Ao terminar o ensino médio, o jovem vai se defrontar com o dilema de escolher uma profissão, entrar em uma faculdade e, após o seu término, iniciar uma carreira profissional que, teoricamente, irá durar até o final de sua vida.
Mas o que é carreira?
Para alguns autores, este conceito pode ser visto de algumas maneiras:
a – como uma sequencia de trabalhos ou funções durante toda a vida do indivíduo, constituindo sua história como profissional;
b – como uma sequencia de experiências profissionais, caracterizada pelas suas  concepções e atitudes ao longo destas experiências;
c – como desenvolvimento profissional obtido através de promoções em diferentes ambientes profissionais e diversificação de atividades;
d – como uma ocupação profissional.
Modernamente, em um mundo globalizado, volátil, instável e mutável, o conceito de desenvolvimento profissional parece ser o que mais se adapta a estas constantes mudanças. Deste modo, o planejamento da carreira, neste cenário, torna-se um requisito fundamental.
Foi-se o tempo onde a carreira era desenvolvida em uma única empresa, até a aposentadoria do colaborador. Nesta época, que perdurou até os anos 70, a carreira era vista como o galgar dos diferentes níveis hierárquicos existente na organização até atingir o cargo de presidente. E isto era baseado no desenvolvimento profissional e tempo de casa.
Neste caso, a relação entre colaborador e empresa era estável, única e o comprometimento era o elo de ligação entre ambos. Além disso, a trajetória do colaborador era sempre previsível, onde sua ascensão seguia uma escala progressiva de cargos hierarquizada e pré-estabelecida.
Se você, leitor ou leitora, for um baby boomer como eu, certamente se lembrará de algum amigo ou familiar que trabalhou em apenas uma empresa até se aposentar.
A partir dos anos 80, houve uma expansão de pequenas e médias empresas que eram mais flexíveis do que as grandes corporações. Estas começaram a adotar um conceito de carreira mais horizontal, com redução dos níveis hierárquicos, como também a contratação temporária de colaboradores para a realização de projetos.
Nesta época, de acordo com Gilberto L. Nogueira, “os funcionários eram avaliados e recompensados pela contribuição que dão à empresa, isto é, aqueles que mais contribuem serão os mais valorizados”.
Com o advento da globalização e o avanço da tecnologia,, particularmente a partir dos anos 90, surge um novo conceito introduzido por Donald T. Hall (1996) denominado carreira proteana.
Este nome deriva de Proteu que, na mitologia grega, era filho dos deuses da água Oceano e Tétis ou, ainda de Poseidon.
Proteu tinha o dom da premonição e, além de prever o futuro, tinha também o dom de se transformar de acordo com sua vontade.
Quando as pessoas iam a ele perguntar sobre o que estaria por vir, ele se transformava em seres assustadores para afastar e afugentar estas pessoas.
Para Helio T. Martins, estas tres características, quando transportadas ao ambiente de trabalho, referem-se a:
a – o dom da premonição relaciona-se à habilidade de planejar a carreira com base em uma visão de futuro compatível com os objetivos fundamentais do indivíduo;
b – a capacidade de se transformar (mudar a forma) traduz-se em versatilidade e adaptabilidade para atingir tais objetivos; e,
c – afugentar e assustar as pessoas pode ser encarada como a utilização dos trabalhos para buscar uma nova posição ou redefinir a carreira quando não se está alcançando os objetivos fundamentais
Hall (1996) é de opinião que o objetivo final da carreira proteana seja o sucesso psicológico, ou seja, um sentimento de orgulho derivado do talento profissional do indivíduo e que faz com que seus objetivos sejam alcançados. Não apenas o sucesso psicológico relacionado ao seu trabalho, mas também aqueles relacionados aos outros aspectos da sua vida, como felicidade em família, paz interior, etc.
Isto representa um enorme contraste com o conceito anterior de carreira, onde o objetivo era escalar a pirâmide corporativa através de um único caminho e obter sucesso financeiro. Na carreira proteana existem inúmeros caminhos para se alcançar o sucesso psicológico e atender as necessidades individuais.
Sem dúvida, este é o tipo de carreira que vai caracterizar o profissional do futuro; futuro este que não está muito distante do tempo presente.
Ainda, de acordo com Hall (1996) e Hall & Mirvis (1996), as carcterísticas da careira proteana são:
Para Gisele S. Abrahim, o modelo proteano de carreira inclui tres aspectos:
a – abre novos modos de pensar o trabalho porque carrega de forma imediata a mobilidade da carreira;
b – amplia o conceito de carreira, visto que o trabalho pode ser realizado fora da empresa e não se restringe a uma única função; e,
c – as pessoas é que tomam as rédeas de suas carreiras, o que aumenta sua empregabilidade, autonomia e adaptabilidade para assumir novas funções.
Martins (2001) afirma que “o profissional proteano se caracteriza pela independência a flexibilidade com que administra sua carreira, norteando-a por critérios próprios de sucesso profissional e pessoal. Sua gestão é um processo contínuo de tomada de decisões e de soluções de problemas relacionados ao trabalho e à vida pessoal, exigindo um grande contingente de informações que advém, primordialmente, do seu autoconhecimento.
Importante ressaltar que, em função da grande quantidade de informações e formas de aprendizagem, o profissional proteano deverá ter muito bem clero seu foco no que aprender, para desenvolver melhor outras competências ou aperfeiçoar as que já possui.
Este cuidado é fundamental para que ele não se perca na quantidade de informações hoje existentes e acessíveis a qualquer pessoa. Abordei este assunto em dois de meus textos já publicados no site: Você sabe? S.E.I e Tres “têres” para ter sucesso.
Este tipo de carreira passa a ser, então, o conjunto de experiências e vivências da pessoa relacionadas à sua educação, à sua vivência no seu trabalho em uma ou várias empresas e/ou uma mudança de profissão.
Para Lorena Bezerra, “o conceito de profissional proteano apresenta um caráter dinâmico e sistêmico, integrando todas as dimensões e papéis do indivíduo à medida que estabelece um objetivo final e sucesso baseados em critérios pessoais. Dele se espera versatilidade, flexibilidade e adaptabilidade; habilidade de planejar a carreira com base um uma visão de futuro e que saiba o momento de mudar de emprego ou redefinir sua carreira quando seus objetivos pessoais e/ou profissionais não estiverem sendo alcançados”.
Evans (1996) é de opinião que a carreira proteana assume e acomoda duas tendências sociais importantes.
Uma diz respeito à mudança de uma ética de trabalho baseada em dever para outra baseada em prazer, ou seja, incorporando de forma mais marcante o divertimento e a eficiência em vez de uma obrigação para com a empresa e a família.
A segunda é o sentido de independência, a busca pelo controle de sua própria Vida e a negação ao poder impessoal da autoridade.
Em resumo, no dizer do autor, “as carreiras estão se tornando de natureza espiral, ziguezagueando em vez de seguirem uma escada”.
Podemos até afirmar que este conceito de carreira, onde acabam não se dissociando objetivos pessoais e profissionais (lembre-se: o sucesso é psicológico), é muito mais integrador e onde deixam de existir “vida pessoal” e vida profissional”. (Já abordei este este tema em Nem pessoal, nem profissional. Apenas…VIDA disponível emwww.ogerente.com.br). Para mais, é um conceito muito mais holístico dentro de um mundo que sofre mudanças constantes em pequenos espaços de tempo.
Finalmente, o profissional proteano é um profissional feliz. É dono do seu “próprio nariz” no que diz respeito ao aspecto profissional da sua vida. Ele vê no seu trabalho um sentido maior para seguir vivendo e não apenas o aspecto financeiro. Ele torna seu trabalho algo muito especial para si e para o mundo altamente mutante e onde vive.
Este tipo de profissional alcança sempre o objetivo da carreira proteana: o sucesso psicológico!

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